O mês de agosto tem registrado diversos casos referentes ao tempo seco. Embora seja comum no Ceará para esta época do ano, a baixa umidade do ar precisa ser encarada com cautela.
Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a umidade chegou a níveis de alerta em alguns municípios cearenses. Em Morada Nova, no Vale do Jaguaribe, foi registrado índice de apenas 15%, no mês de agosto. Na Capital, o valor chegou a 27% Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é necessário ter atenção a quaisquer níveis abaixo de 40%. Veja abaixo:
- Estado de observação: umidade do ar de 40% a 31%;
- Estado de atenção: umidade do ar de de 30% a 21%;
- Estado de alerta: umidade do ar de de 20% a 12%.
Tempo seco causa problemas de saúde e ambientais
Dois pontos precisam de atenção redobrada neste período: a saúde respiratória e o risco de incêndios, especialmente em áreas de vegetação. No Ceará, o mês de agosto tem em média mais de 300 focos de incêndio todo ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com a o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), é comum, durante esta época, o cenário chamado “30-30-30”: umidade do ar abaixo de 30%, temperaturas de mais de 30°C e ventos acima de 30 km/h. Combinados, os três fatores impactam significativamente na ocorrência de incêndios florestais, como o que atingiu Mombaça durante três dias seguidos na última semana, pois há tanto maior quantidade de material inflamável, devido às plantas secas com a alta temperatura e baixa umidade, quanto condição para que o fogo se espalhe com o vento.
Problemas respiratórios causados pelo ar seco também aumentam nesta época do ano. Em conjunto com a pandemia de Covid-19, isso significa a necessidade de cuidados redobrados com a saúde.
A baixa umidade do ar causa, como efeito primário, o ressecamento das vias aéreas superiores – nariz e garganta. Como consequência, pode haver o desenvolvimento de quadros como alergias, asma e bronquite.
Além disso, as mucosas secas – além de nariz o boca, os olhos também são afetados – criam microfissuras, que podem facilitar a entrada de vírus e bactérias no organismo, levando ao risco de outras doenças. O uso de ar condicionado, devido às altas temperaturas, pode piorar a situação, pois o equipamento funciona retirando umidade do ar ambiente, o que amplia a gravidade do problema.
O ar seco causa também o fechamento dos brônquios, o que dificulta o fluxo sanguíneo nos pulmões. Isso aumenta a densidade do sangue e o esforço que o coração precisa realizar para bombeá-lo, ampliando o risco de problemas cardíacos e até de acidente vascular-cerebral (AVC).
Outro problema é que a baixa umidade do, mesmo com ventos elevados, dificulta a dispersão de poluentes no ar. Em conjunto com o maior risco de queimadas, isso pode causar cenários como o visto essa semana em São Paulo (SP), onde uma espécie de “chuva de fuligem” aconteceu quando as cinzas de um incêndio florestal, carregadas pelo vento, atingiram bairros da capital.
Baixa umidade do ar: cuidados e prevenção
Nestes cenários, a prevenção é de extrema importância, tanto para evitar problemas de saúde quanto para auxiliar na redução dos incêndios florestais. Confira abaixo algumas dicas para se proteger nesta época do ano.
Cuidados de saúde na baixa umidade do ar
O conselho mais importante é se atentar ao consumo de água. Conforme o ar resseca naturalmente as mucosas de nariz, boca e olhos, o corpo tenta compensar criando mais umidade. Por isso, é importante manter um consumo regular de água, sucos naturais ou água de coco, para repor o líquido perdido pelo organismo.
Produtos que ajudem com o ressecamento também são importantes. Nas mucosas, a lavagem do nariz com soro e uso de colírios nos olhos auxiliam na lubrificação destes locais. Quem usa lentes de contato deve reduzir o número de horas com o acessório, e dar preferência à utilização de óculos. O uso de hidratantes para pele e nos lábios também pode reduzir a sensação de ressecamento no corpo.
Além do corpo, é necessário cuidar do ambiente, para que os efeitos do tempo seco sejam menos graves. Manter janelas e portas abertas para circulação de vento ajuda a dissipar partículas de gases e outros poluentes que estejam suspensas no ar. Outra dica é usar umidificadores de ar, ou manter bacias com água em todos os cômodos – neste caso, elas devem estar cobertas com tela ou um pano leve, para evitar a criação de focos de mosquito da dengue.
Evitando incêndios florestais no tempo seco
A população também pode agir para evitar incêndios em áreas de mata, como florestas ou terrenos baldios, no período de baixa umidade do ar. A recomendação do CBMCE é que, ao avistar um foco pequeno, como em um saco de lixo ou arbusto, ele seja imediatamente debelado.
Caso a extensão do fogo seja maior, porém, não tente apagá-lo: deve-se isolar a área e chamar os bombeiros. Na última terça-feira, 24, um idoso morreu na cidade de Farias Brito, no Cariri, ao tentar apagar um incêndio florestal.
Uma causa comum de incêndios é o uso de fogo para limpar grandes quantidades de lixo. A prática, além de ser crime ambiental, pode fazer com que as chamas se expandam para além do local onde material foi queimado, gerando incêndios de grandes proporções.
Fumantes devem prestar especial atenção se o cigarro está completamente apagado antes de ser descartado. Também deve-se evitar jogar as bitucas na rua ou diretamente em lixeiras, para evitar a possibilidade de que os outros materiais descartados peguem fogo.
Quem costuma realizar acampamentos e excursões em áreas de mata, por fim, precisa se atentar às fogueiras utilizadas nestas atividades. As chamas precisam estar constantemente sob supervisão, para não se espalharem, e o fogo deve ser apagado completamente ao sair do local.
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